Cada vez mais as famílias empresárias têm se preocupado com discussões acerca da governança do negócio. Prova disso são os registros da edição mais recente da pesquisa “Retratos de Família”, da KPMG, realizada em 2021, em que 85% dos participantes concordaram que boas práticas de governança corporativa são extremamente ou muito importantes para o sucesso da empresa.
Uma característica importante dos negócios familiares é que geralmente a companhia está atrelada de maneira muito intensa ao fundador, que também costumeiramente é o presidente ou exerce papel equivalente. Um erro comum nas empresas familiares é ignorar o fato de que essa figura não é eterna, relegando ao segundo plano um processo que é importantíssimo para a continuidade do negócio no longo prazo e para o fortalecimento de sua governança, embasada em equidade, transparência e accountability: a sucessão.
Apesar da importância do tema, somente 24% das respondentes brasileiras do estudo “Family Business Survey 2021”, elaborado pela PwC, disseram ter um plano de sucessão robusto em vigor, documentado e comunicado. A nível global, o resultado também não é muito animador, mas é melhor do que o nacional: 30%. Talvez ainda não tenha “caído a ficha” para essas companhias de que para prosperar no futuro o planejamento sucessório é fundamental.
E não podemos sequer dizer que as empresas não estão cientes da importância da preparação dos sucessores: 49% dos participantes do já citado levantamento “Retratos de Família”, da KPMG, afirmaram que esse tópico é extremamente importante. Ficar só na intenção, contudo, não é suficiente.
O Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) pontua, na publicação “Sucessão em Empresas Familiares”, que para que o processo sucessório tenha êxito, é primordial que haja conciliação das expectativas entre sucessores e sucedidos, levando em consideração as diferenças geracionais entre quem está saindo e quem está chegando para assumir a liderança. Nesse cenário, a governança corporativa vai equilibrar o procedimento, a fim de não deixar a estratégia da empresa ruir.
Importante destacar que não existe certo ou errado na sucessão, mas adequado ou inadequado. Nesse cenário, cada sucessão terá suas particularidades, mas alguns passos são vitais para todos os casos. Eu diria que a preparação para a entrega terá início quando o fundador começar a ter confiança no posicionamento do seu sucessor, que deverá ser identificado com base em vocação individual. Além dessa etapa, definição dos objetivos e necessidades da companhia no processo de sucessão, elaboração do plano sucessório e capacitação das lideranças e sucessores precisam ser consideradas.
Os benefícios, é claro, são inúmeros, indo da manutenção da empresa ao fortalecimento da organização no mercado, passando pelo alinhamento dos interesses corporativos junto aos stakeholders, proteção do patrimônio e retenção de talentos. Não importa o tamanho e o segmento, toda empresa deve estar atenta à sucessão.
*Publicado originalmente no jornal A Tribuna em 01/06/2002.
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