Uma pandemia com impactos sem precedentes na história recente, em termos de perdas materiais e de vidas, que mergulhou o planeta em uma profunda incerteza econômica. É desse cenário que começamos a sair. Apesar das muitas dúvidas, como quando, exatamente, retornaremos à completa normalidade, uma coisa é certa: os negócios não serão – na verdade, já não são – mais os mesmos. E os conselhos de administração são essenciais para guiar as empresas rumo à transformação que o presente e o futuro exigem.
Mais do que se preocupar com a governança corporativa – fator ESG mais observado pelos gestores no Brasil, segundo pesquisa da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiros e de Capitais (Anbima) –, os conselhos precisam entender que ser flexível, mais ágil e responsivo é essencial para conduzir uma empresa no pós pandemia, de acordo com o estudo The Great Board Reboot, do Financial Times.
Um bom conselheiro compreende que o mundo muda, e em velocidade intensa, e de maneiras muitas vezes inesperadas, caso da epidemia que acabamos de vivenciar. Simplesmente reagir a crises não basta; é preciso se planejar, sendo que os próprios planos devem ser passíveis de adaptação.
O futuro será repleto de desafios para os conselhos e a pesquisa do Financial Times pode nos ajudar a vislumbrar quais serão os principais, incluindo a necessidade de os advisors permanecerem engajados e relevantes, ligados nos principais acontecimentos e tendências econômicas, geopolíticas e culturais.
Conhecimento técnico, apenas, não será mais suficiente. Os conselhos demandam uma maior pluralidade de gênero, formações, vivências, idade, experiências profissionais. Levantamento da McKinsey já demonstrou que nas empresas em que a pluralidade nas equipes é priorizada os resultados são até 21% maiores em comparação com as companhias que não têm essa preocupação. Não há dúvidas de que um board mais plural também trará resultados melhores.
Mas para que a mudança seja mesmo efetiva, deve-se, ainda, repensar as formas de recrutamento e de seleção dos conselheiros. Durante muito tempo foram considerados para os assentos do colegiado apenas candidatos conhecidos dos gestores, amigos ou antigos colegas. Um processo nesses moldes já está ultrapassado e, hoje, demanda maior sofisticação e transparência.
O principal, contudo, talvez seja não temer a mudança e abraçá-la. Para John Elkington, considerado o “papa” da responsabilidade corporativa e do desenvolvimento sustentável, os próximos 10 anos serão uma década exponencial para os negócios quando o assunto são transformações. Para encarar esse horizonte que se desenha, os conselhos terão um papel fundamental. O futuro é logo ali.
Publicado originalmente no jornal Diário do Comércio em 01/04/2022.
VoltarPara evitar a perda crescente de vidas, biodiversidade e infraestrutura deve haver uma ação conjunta, ambiciosa e acelerada de adaptação.
Ler maisÉ essencial que cooperativas se preocupem com pontos como planejamento estratégico, visão sistêmica de negócios e governança corporativa.
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